Resenha: Francis Trouble - Albert Hammond Jr.




É interessante observar como Albert Hammond Jr. conduz seus trabalhos solos. Boa parte da produção do musicista soa como um spin-off da sua banda, os The Strokes, caso dessem continuidade as sonoridades testadas em álbuns como Room on Fire (2003). Contudo, o guitarrista da banda nova-iorquina que causou grande impacto na música no início dos anos 2000, em seu quarto disco de inéditas intitulado Francis Trouble (2018), adiciona uma série de conflitos vividos por ele em suas novas composições. Drogas, solidão e a morte do irmão gêmeo, que ainda estava no útero da mãe, são algumas das experiências que Albert explora no novo trabalho.

As guitarras limpas e de riffs pegajosos, típicas dos The Strokes, estão presentes em todo o catálogo de canções do disco. Porém, diferente do anarquismo e do espírito juvenil de Is This It (2003), em Francis Trouble elas embalam a busca de Albert pelo autoconhecimento em meio a tantos tormentos, tornando o registro um prova do amadurecimento artístico do guitarrista. Não que em alguns momentos Albert não incorpore esse espírito, como nas faixas ScreaMER, Far Away Truths e Harder, Harder, Harder.

Por outro lado, há momentos mais palpáveis do álbum em que os sentimentos de solidão e perda conduzem o disco. Esse é o caso de Set to Attack e Strangers, enquanto a primeira fisga o ouvinte por riffs mais lineares e comportados e um Albert mais sensível; a segunda é mais energética, porém retrata a sensação de não pertencimento do nova-iorquino. 

Um dos pontos que tornam Francis Trouble diferente dos trabalhos anteriores do guitarrista são as composições. Nesse registro, Albert tem uma preocupação maior não só com os arranjos, mas também com as letras das canções. As 10 faixas que compõem o disco narram os conflitos enfrentados por ele de forma bem aberta, ainda, que, nas primeiras audições, isso passe despercebido. 

O quarto álbum de inéditas de Albert são retalhos de sentimentos do norte-americano que vão dando bases as canções apresentadas. Ainda que os mesmos elementos instrumentais já tão usado por ele e sua banda estejam ali, o musicista consegue, na sinceridade e venerabilidade de suas letras, traçar um caminho um pouco diferente do que já vem trabalhando. Agora, é vez de dá contornos mais específicos aos seus trabalhos solos, o que já começa ser bem feito em Francis Trouble, e romper as barreiras do título de guitarrista dos The Strokes, ascendendo como um artista com suas próprias características musicais. 

Nota: 7.5
Faixas: 10
Gravadora: Red Bull Records


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