Resenha: TU - Tulipa Ruiz



Após apresentar uma discografia que, a cada disco lançado, Tulipa Ruiz mostrava um crescimento artístico e musical, a mineira, em seu novo registro intitulado "TU", parece dar uma desacelerada e resolve flerta com uma sonoridade mais acústica, intimista e, em certos momentos, minimalista.

O novo álbum traz nove canções que resgatam os típicos arranjos da antiga MPB, dando destaque para voz e o violão, com letras marcadas por versos poéticos, que são uma das características marcantes da cantora. Ao ouvir "Game" e "Terrorista del Amor", faixas de abertura do disco, o ouvinte pode ter a falsa sensação que Tulipa visa dar continuidade ao crescimento que já vem apresentando desde as produções anteriores. Porém, são em faixas como "TU", na delicada "Polén" e em "Pedra" é que o disco expõe a fuga da cantora das sonoridades trabalhadas outrora. Dessa vez, Ruiz opta por se entregar a composições mais amenas e suaves.

Mas as surpresas ficam para as roupagens novas dadas às canções já conhecidas da cantora: "Pedrinho", Efêmera (2010); "Desinibida" e "Dois Cafés", "Tudo Tanto" (2012); "Algo Maior", Dancê (2015). Nessas faixas, Tulipa reforça a proposta trazida em "TU", deixando de lado os arranjos mais incrementados, os riffs de guitarra tão presentes em "Tudo Tanto" e os sintetizadores e canções energéticas de "Dancê". Aqui, Tulipa adota uma pegada mais regionalista e até mesmo naturalista, que facilmente lembram a proposta de Caetano Veloso em "Jóia" (1975).

O quarto registro de Ruiz é desnudo, enxuto e recheado por composições produzidas com atenção aos pequenos detalhes, ainda que os arranjos sejam mais modestos. O álbum foi produzido em duas semanas, quando a cantora estava nos Estados Unidos e, mesmo que não traga inovações ou acompanhe o crescimento dos três álbuns anteriores, não deixa de ser um ótimo registro. "TU" ganha o ouvinte pela despretensiosidade, que ao longo da audição torna-se a peça chave do álbum.



Nota: 8
Faixas: 9
Gravadora: Independente


 

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