Resenha: Lana Del Rey - Ultraviolence



Desde o seu surgimento na internet com os vídeos "Video Games" e "Blue Jeans", Lana Del Rey conseguiu se consagrar no mercado musical e gerar um legião de seguidores apaixonados. Embora mesmo com todo hype em volta da imagem de Lana e de seu álbum de estréia "Born To Die" (2012), a cantora não conseguiu agradar boa parte da crítica e seu álbum foi considerado uma dos mais decepcionantes do ano de 2012. "Ultraviolence" (2014), segundo álbum da cantora, mostra um certo crescimento de Del Rey e consegue amenizar, mesmo que não muito, a imagem plastificada da cantora deixada em seu primeiro registro.
 
"Ultraviolence" ainda se mantém na sonoridade depressiva, melancólica e letárgica já conhecida em "Born To Die", trazendo como produtor principal Dan Auerbach, vocalista da banda The Black Keys, agregando um bom direcionamento para o registro da cantora. Com a presença de baterias desaceleradas e riffs marcantes, "Ultraviolence" consegue transmitir uma gostosa sensação nostálgica, introduzindo o ouvinte às referências vintage e cinematográficas de Del Rey. 

A roupagem das canções deixa de lado o hip-hop e os recursos eletrônicos presentes no trabalho anterior e se entrega às influências do rock, apresentando músicas mais orgânicas, consequência da boa produção de Dan, e possibilitando o disco ser mais assertivo com a própria imagem hypada da cantora. Com vocais rebocados por efeitos, seja para disfarçar a incapacidade vocal de Lana ou para intensificar a sonoridade vintage, o disco segue monótono em certos momentos, mas apresenta belas faixas como "Shades Of Cool", iniciada por um guitarra que leva os versões crescentes entoados pela cantora até um refrão límpido e vicioso, e a mais acústica e melosa "Broonklyn Baby". "West Coast", talvez, seja a faixa mais perceptível das influências do rock no atual registro, a quebra rítmica do refrão e longe da sonoridade plástica-cult dos singles anteriores, a faixa também é um das melhores dessa nova safra de canções.


Por mais que haja acertos e até crescimento no novo disco, ainda é possível notar alguns erros. A obsessão dramática e o fetiche masoquista de Lana tornam o catálogo desgastante, a ânsia por apresentar algo conceitual e cinematográfico desencadeia em canções mornas e desinteressantes, como "Ultraviolence" e "Cruel World". As composições não se diferenciam muito, sempre encarnando arquétipos de mulher amante ou apaixonada por gangsters, deixando o disco vazio e sem muito desenvolvimento. Todo o universo de cigarros, bebida e melancolia de Del Rey soam fajutos e servem apenas para plastificar a sua imagem retrô dos anos 70.

"Ultraviolence" encerrar com "Old Money", incorporando um lado mais intimista e acompanhando Lana com violinos e piano, diferenciando se das outras faixas e até tornando o registro mais interessante, e a florida "The Other Woman", recheada por uma guitarra mais ensolarada e nuances vocais agradáveis.

"Ultraviolence" pode ter levado Lana para um universo mais coerente com sua imagem, presenteando o ouvinte com um som menos plastificado, todavia, ainda repetindo erros já cometidos no álbum anterior. É certo afirma que boa parte desse acerto é consequência da produção de Dan Auerbach, que acrescentou técnicas diferentes no catálogo das canções, como a própria Lana tinha dito. Cheia de extravagâncias e referências à sétima arte, tornando o disco agradável em certos momentos e monótonos em outros, "Ultraviolence" consegue fechar como um álbum plausível, embora ainda seja necessário melhorias e crescimento, no intuito de explorar mais intensamente o lado artístico da cantora, a fim de realmente vermos quem é Lana Del Rey por trás de sua imagem maquiada.



Gravadora: Polydor
Nota:  7.0
Faixas: 11
Ouça: Spotify, Deezer, Youtube

      



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